quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Auto-retrato



Bem, resolvi falar de mim. Direto e abertamente. Senti-me influenciada por uma amiga de um blog, ai . Nunca divulguei meu blog, ele realmente é muito pessoal, incompreensível até, são textos soltos de temas diversos, nem sei classificá-los. Por que classificar o que sentimos é muito difícil. Descrever-me também é bastante complicado, por que todo dia é uma briga interna do que eu sou, do que eu quero e de quem eu poderia ter sido.


Acabo sofrendo por coisas tão antigas ou insignificantes para os outros. Meu blog depende do que me motiva a escrever. Um dia desses encontrei uma menina simples no ônibus e me comovi com ela, fiz um texto, outros são neuras pessoais, amores indecifráveis, sentimentos avulsos e complexos intraduzíveis.


Hoje resolvi que quero sim que meu blog seja lido, saber se o que escrevo faz sentido para alguém. Acredito que meu problema é que tenho dificuldade em desabafar, então procuro um meio figurado ou esquisito de ser eu. Por que quando escrevo sou eu, são minhas idéias que lavram as palavras, é minha pitada de vida no papel, ou na tela do computador.


Então é isso, eu sou Miza de Oliveira, prazer. Sou sonhadora, distraída às vezes, sou jornalista, sou família, sou música nos pés, no gogó e nos ouvidos, sou livros na mão e quem sabe um dia um meu na prateleira. Acredito na educação, no trabalho árduo, na dedicação aos sonhos e no respeito ao próximo.

domingo, 21 de setembro de 2008

Vestido


Ela estava sentada nas cadeiras finais de um ônibus urbano. Era meio-dia, o sol escaldante. Usava um vestido branco, um pouco encardido nas pontas. Feito de um crepe barato e áspero. Babados e pregas o enfeitavam. Parecia feito para uma ocasião especial, não condizente com as sandálias de plástico azul que a menina calçava. Várias marias-chiquinhas nos cabelos davam um ar infantil ao seu escasso sorriso de criança. Precisava levar as mãos ao vestido muitas vezes, para organizar os botões que escorregavam de suas casas, denunciando a ineficiência da roupa. O balanço do ônibus movimentava a bolsa que carregava a mão, do mesmo material das sandálias, parecia que havia sido um brinde ao comprá-las. A cor escura da menina contrastava com o imenso anúncio branco que havia no fundo do ônibus. Dizia: Você pode!Displicentemente, a menina desceu do ônibus em uma rua movimentada. Sozinha, com um olhar débil de quem não sabia a onde ir.