sábado, 19 de setembro de 2009

O mundo dos otários


Otário é feito para ser passado a perna. E para vê os “malas” , os “bons”se dando bem.Mas o otário não vê na felicidade doentia do “o Cara” motivo de satisfação. Otário que é otário, gosta de coisas difíceis.Incrivelmente difíceis. Por isso é otário.Com tantas coisas fáceis a disposição, o otário sempre quer mais que isso, e o pior, sem atalhos, acredita que caminho certo deva ser seguido, mesmo que seja longo.Um saco, mas acreditem eles são felizes assim.

Uma das maiores características desse tipo de gente é a ingenuidade, para quê desconfiar das pessoas, qual a grande graça de mentir e sacanear com os outros? Otários não se alimentam desses vícios para se sentirem bem. Não precisam disso e pensam que os outros também são como eles. Mas não são. A classe dos otários vem perdendo vários adeptos, e são espécimes raros em certas cidades, como Brasília.

Geralmente otário gosta de ler e estudar, e é motivo de graça por isso. Tem tendências para a timidez. Quer ver um otário em pânico:coloque-o para falar em público. Você vai assisti a maior espetáculo de carnificina para eles se estiverem em frente a um palco. Otário são emotivos.São famosos por chorar até ao assistir comercial de margarina.

É bom lembrar que há vários tipos e níveis dessa categoria. È fácil catalogá-los, alguns dá para perceber de longe, são meio desajeitados, roupas fora de moda, excêntricos. E há também aqueles que você demora um pouco para reconhecê-los, eles se fingem de descolados, extrovertidos mas na hora de topar “uma parada sinistra” eles caem fora. Eles têm vários medos.

Conheci muitos otários ao longo da minha pequena vida. Tentei arduamente não pertencer a essa classe discriminada, sofrida e angustiada. Mas sou uma espécime legitima e hoje tenho até orgulho de ser um deles.E acredito: o mundo é dos otários!
Música que me disseram ser pano de fundo desse texto! Valeu, Jujuba! kkk

sábado, 5 de setembro de 2009

O dia D


Pela madrugada tinha feito um resumo de como fazer a baliza. Não sei se isso ia ajudar, mas pelo menos me deixava tranqüila, como se fosse um bizu de vestibular. E lá ia eu decorando a formula mágica até chegar a auto-escola. Claro que logo o meu instrutor tinha que atrasar e me deixar mais nervosa ainda. Só uma pessoa como eu faria o teste do Detran, para tirar a carteira de motorista ,sem ter certeza de nada com relação a um carro. Eu já havia faltado um teste e adiado o último marcado, não dava mais para fugir.


Aprender a dirigir tem sido um martírio para mim. Meu pai viaja muito então o carro nunca estava em casa, porém eu e meu irmão rachamos e pagamos nosso super carrão popular usado...A única pessoa habilitada que passa muito tempo em casa é meu irmão, que quando me ensina a dirigir é com aquelas palavras maravilhosas:” Não está vendo o carro não”, “eu tenho que dizer toda vez que não é assim?”, “te ensinaram isso na auto escola?”. Uma vez sai chorando do carro. Dirigir exige pratica, não é algo que se aprende lendo. E para praticar tenho que estar ouvindo as barbaridades do amor fraterno...


Enquanto para muitos dirigir é como andar de bicicleta,(acho que por isso eu nunca tive uma), para mim era como segurar as rédeas de um cavalo selvagem. O máximo que consigo é dirigir com meu irmão do lado até o trabalho bem cedo pela manhã quando o movimento do trânsito é menor, claro, ouvindo as mesmas barbaridades de sempre, talvez isso deva ser um dos motivos para o meu péssimo desempenho no volante.


Mas lá estava eu numa sala cheia de gente desconhecida esperando ser chamada para forca. Não me lembro de sentir tanto medo assim na minha vida. Fiz uma volta de reconhecimento com o meu instrutor, quando ele saiu não agüentei e pedi, fica aqui. Ele sorriu e falou como um pai: fica tranqüila que vai dar tudo certo. Na hora que ele saiu o carro começou a estancar, do lado de fora uma instrutora procurava por seu aluno, “alguém viu um rapaz loiro? ele sumiu e não fez o teste”. Fiquei com inveja do rapaz loiro.


Confesso que pensei nos meios ilícitos de conseguir minha carteira por realmente não me sentir preparada para aquilo. Pensei comigo então: todo muito enfrenta isso, tenho que encarar. Quando meu instrutor saiu percebi que nunca tinha ficado sozinha com um carro antes, sempre com o meu irmão do lado, ou com alguém da auto-escola. Agora entrava no carro duas mulheres que nunca tinha visto antes com chapéus que lhe davam mais ainda um ar de fiscais que querem te ferrar. E lá ia eu sinalizando mais que guarda de trânsito.


“Vá para baliza três”, era uma ordem. Então comecei a praticar a formula, gira para direita, gira para esquerda, embreagem, marcha ré, dois giros para alinhar....Ouvi uma voz que vinha de fora: pode tirar. Bom sinal. Tirei o carro. As chapeludas ordenaram para que eu seguisse para o percurso. Ai não resisti: Eu passei na baliza? Uma delas falou que sim.Fiquei tão feliz por conseguir. Mas era tão improvável que não pensei no resto. Não tinha articulado nenhuma formula mágica para fazer o percusso, por que realmente nunca achei que iria chegar nele. Achava que não passaria da baliza.


Logo na saída estanquei o carro, as chapeludas começaram a se irritar fazendo pedidos simultâneos, fiz estacionamentos bem distantes da calçada. Antes do final do percurso já tinha desistido. Até as fiscais se sensibilizaram e falaram para eu ficar mais tranqüila. Mas na minha mente só tinha que eu havia passado na baliza. Meu sorriso só desmanchou quando me falaram de preço do reteste. Tenho quinze dias para inventar uma outra formula mágica para passar no teste. Até o próximo embate.