quinta-feira, 19 de junho de 2008

O não-dito


Por que esse turbilhão? Essas idéias fixas, essa dor? Por que medo de dizer, de falar? Parece que tudo vai deixando o não-dito preso e escondido, remoendo o que não existiu ou o que poderia existir. E muitas versões do não-acontecido se embaralham na minha cabeça, como filme de bobina antiga que não vai para o cinema.
Ah, se houvesse ouvidos para o não-dito! E se estes tivessem abertos para o florescimento.Queria ter coragem de dizer. Mas sei que certas verdades são cruas demais para serem absorvidas.Geralmente, o não-dito é intransponivel, é quase um pedaço de vida latente ou uma nova idéia de vida que nem sempre o outro consegue suportar.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Olhar



Lá estava ele. Pétreo. Pedra. Calado, imóvel. Olhos fixos para algum canto qualquer a sua frente. Eu próxima a olhá-lo como sempre fazia quando estava distraído. Eu olhava seus s óculos, sua cor branca, não era bonito, nem feio, um jovem comum. E como mais que de repente ele virou o olhar para meu lado. Controlei-me para não demonstrar a surpresa de quem estava espiando há muito tempo. E como se num momento mágico de não mais que dez segundos ele pousou seu olhar no meu. Ele não passou os olhos, foi pausado, foi profundo, não sorriu, não enrubesceu. Ficou calado olhando. Não sei se fiquei vermelha, como geralmente fico nessas situações. Cheguei a lembrar que não estava nem atraente naquele dia. Achei que nem merecia aquele olhar. Estava com cabelos despenteamos, face cansada do trabalho. Mas ele parecia não se importar e continuou a olhar dentro de mim. Fechei os olhos, não sei se por não acreditar ou por me incomodar com esse olhar invasor. Mas ao abrir, vi que lá estava ele no mesmo lugar, me olhando, sem parecer significar nada. Mas não para mim, naquele momento.