sábado, 6 de março de 2010

Hora da novela


“Minha vida é uma novela’, eu escutei isso de uma velhinha que passava do meu lado. E pensei: Não mesmo,vovozinha, minha vida não é o que passa na televisão. Vamos combinar que os folhetins romanesco estão bem longe da vida real. Claro, tem algumas pinceladas de lembranças das nossas vidas, mas ...


É inacreditável o que vejo nas novelas. O que acho mais hilário é questão da paternidade. Nunca o personagem é filho de quem realmente pensa. Deve ser muito comum por onde os escritores vivem ,mas até agora não conheço ninguém que passou por isso. E claro, que o pai do ator principal é o um cara riquíssimo, e que ele tem um romance com alguém que ele acha ser sua irmã. Então descobre que não é.Reivindico que todos os personagens façam teste de DNA no inicio da trama, para nos poupar desse ‘suspense”.


Tem também a cena do esbarrão. É aquela cena em que a mocinha encontra com o mocinho numa esbarrada. Ela derruba tudo no chão destrambelhadamente e o rapaz ajuda a pegar os livros, caneta, bandeja, ursinho de pelúcia, ou qualquer porcaria que tem nas mãos dela. E então é fato. Eles se apaixonam. É uma pena que nunca tenha encontrado o Rodrigo Santoro assim. Bem , se isso já aconteceu com vocês me avisem. Pois em todos horários, em todas as novelas acontece.


E os diálogos? Sério, são tão artificiais. Não falo dos atores. Eu me refiro ao teor do texto. Muito melosos. Minha mãe não fica dizendo toda hora que me ama. Ela tem mais o que fazer. Fora que são tão formais. Às vezes penso que o verdureiro da novela é formado em Harvard.


As roupas então são impecáveis. Se os atores representarem pessoas ricas então... Nunca vi ninguém com aquela blusa folgada, com buraquinhos, que todo mundo tem para ficar em casa. Nem os mais pobrinhos. Maquiagem certa na hora certa. Deve ser chato, não ter ninguém para a gente fofocar: “Aquela roupa estava horrorosa, que batom é aquele’.


Sei que as telenovelas são feitas com todo cuidado. Tem vários profissionais envolvidos, autores consagrados. E que são idealizados no que as pessoas querem. Mas acredito que o público quer mais que os clichês dos clichês. Aliais, nós merecemos. Sei também que a fantasia é que nos atrai. Já imaginou você chegar do trabalho cansado e ver seu personagem preferido todo sujo e molambento. Não sei se agradaria a todos. Mas, deixaria nossos ídolos um pouco mais humanos.